NOTA: O que o ataque de Trump tem a ver com a campanha salarial?


07/08/2025 - Redação
Ataques ao RJU, arcabouço fiscal, ‘reforma’ administrativa e postergação do PCCS são parte de um projeto internacional de negação de direitos e fim dos serviços público.

A campanha salarial da categoria entrou numa reta decisiva, que só pode garantir vitória com o envolvimento massivo de todos e todas as colegas. Cada um e cada uma tem que superar as ilusões em conversas de gabinete e se responsabilizar por arrancar as conquistas que reivindicamos. À direção majoritária da Fenajufe, cabe a maior responsabilidade: conduzir corretamente a categoria e lutar de verdade por vitórias reais e possíveis.

O cenário não é fácil. O mundo vive uma guerra que já vai para três anos, da Rússia contra a Ucrânia, e tem impactos no preço do petróleo e na produção e valor dos alimentos. O genocídio imposto contra a Palestina também impacta nosso país, pois a naturalização da fome e do extermínio de um povo se reflete todos os dias nas nossas periferias, favelas, calçadas e comunidades pobres e negras — muitas vezes com armamento e tecnologia de combate importados de Israel e testado antes nos povos árabes.

Agora, a disputa entre imperialismos escalou ante a agudização da crise causada por esses fenômenos políticos e o governo dos Estados Unidos ataca diretamente o Brasil com taxações que vão fazer recrudescer o desemprego, a fome e o ataque aos serviços públicos. E o Poder Judiciário está no centro na mira, mas os alvos somos nós, os/as trabalhadores/as.

Não nos enganemos. Em situações assim, os “de cima” sempre acabam entrando em algum acordo consolidado sobre o aumento da exploração e retirada de direitos dos debaixo.

Ataques ao RJU, arcabouço fiscal, ‘reforma’ administrativa e postergação do PCCS são parte de um projeto internacional de negação de direitos e fim dos serviços público.

 

O governo Trump 2 já demitiu mais de um milhão de servidores/as públicos, 12% deles/as funcionários/as da Seguridade Social daquele país. Esse é o modelo de Estado que une o STF, o Congresso Nacional, o governo federal e o empresariado brasileiro. Não é coincidência, é projeto.

Não é à toa que em novembro do ano passado o STF aprovou que o RJU não é mais a forma exclusiva de ingresso no serviço público. Assim, derrubou o principal entrave jurídico aos projetos de ‘reforma’ administrativa que o mercado exige para se apropriar de mais fatias do Estado.

Enquanto isso, a magistratura abocanha a maior fatia do orçamento do Judiciário e a mídia faz deliberada confusão ao denunciar supersalários no Poder como se nós, trabalhadores e trabalhadoras, tivéssemos os mesmos vencimentos dos/as juízes/as. E a campanha contra o “inchaço dos serviços públicos” completa o serviço de justificar os ataques, ainda que a proporção de servidores/as no país seja muito abaixo dos países desenvolvidos (ver gráfico abaixo).

O outro suporte da campanha midiática contra o funcionalismo é a falácia da “eficiência” como justificativa para redução do papel do Estado, que é parte de um projeto de privatização embalado no engodo de que a iniciativa privada atuaria de  forma mais eficiente que o trabalho dos servidores. Acho q isso é um ponto que toca muito a categoria que se dedica ao trabalho e não tem visto o reconhecimento em salário como resultado das sua dedicação.

Soberania não se negocia, mas não vamos aceitar que a classe trabalhadora do setor público e privado pague a conta dessa crise. Um país soberano só é possível se os direitos e a dignidade de seu povo forem garantidos.

 

Também não é à toa que o presidente do Supremo, ministro Roberto Barroso, tenta empurrar para 2027 a possibilidade de implementação da nossa recomposição salarial com sobreposição das tabelas. Este é exatamente o ano em que as regras do arcabouço fiscal (o teto de gastos do governo Lula/Alckmin) endurecem e vão dificultar ainda mais a aprovação de qualquer política salarial. Se a ‘reforma’ administrativa for aprovada em 2026, a situação ficará ainda pior.

Soberania não se negocia, mas não vamos aceitar que a classe trabalhadora do setor público e privado pague a conta dessa crise. Um país soberano só é possível se os direitos e a dignidade de seu povo forem garantidos.

Por tudo isso, a hora de lutar é agora! Servidores/as no orçamento já!

São Paulo, 07 de agosto de 2025.

Diretoria Executiva

 

 

 

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